Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil O ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Júnior confirmou, nesta quarta-feira (21), qu...
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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil |
O ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Júnior confirmou, nesta quarta-feira (21), que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou de reunião no Palácio do Alvorada, em 2022, para tratar de "hipóteses de atentar contra o regime democrático, por meio de algum instituto previsto na Constituição".
A declaração do militar foi dada em depoimento à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que investiga uma tentativa de golpe articulada por Bolsonaro e aliados após o segundo turno das últimas eleições gerais, que resultaram na escolha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o terceiro mandato.
Baptista Júnior foi ouvido na condição de testemunha de acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Chefe do Exército teria ameaçado Bolsonaro de prisão
Segundo o g1, no depoimento ao STF, o ex-comandante disse que, na reunião que tratou da trama golpista, foram debatidos mecanismos como a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) ou a implementação de Estado de Defesa, ou de Sítio.
À época, segundo ele, o então comandante do Exército, general Marco Freire Gomes, teria ameaçado Bolsonaro de prisão caso o plano fosse levado adiante. "O general Freire Gomes é uma pessoa polida. Ele não falou com agressividade com o presidente, não faria isso. Mas é isso que ele falou. Com muita tranquilidade, com muita calma: 'Se fizer isso, vou ter que lhe prender'", testemunhou.
Baptista Júnior também comentou que, no dia 14 de dezembro, foi realizada outra reunião no Ministério da Defesa, na qual o ministro Paulo Sérgio Nogueira, comandante da pasta, apresentou uma minuta golpista aos comandantes das Forças Armadas.
"Com base em tudo o que estava acontecendo, perguntei: 'O documento prevê a não assunção no dia 1º de janeiro do presidente eleito [Lula]? Ele, [Paulo Sérgio], disse: 'Sim'. Eu disse que não aceitava nem receber esse documento. Levantei e fui embora", declarou.
Nesta reunião, conforme a testemunha, o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, teria afirmado que colocava as tropas à disposição do plano de golpe.
Por ter resistido à iniciativa, o militar teria sofrido diversos ataques, ordenados pelo ex-ministro da Casa Civil, Walter Souza Braga Netto — que havia sido candidato a vice-presidente na chapa com Bolsonaro. A trama só não teria avançado, no entendimento dele, por não ter adesão "unânime" das Forças Armadas.
Ataque ao sistema eleitoral
O ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB) também confirmou aos magistrados que Bolsonaro sabia que não havia fraude no processo eleitoral brasileiro. "Além de reuniões em que eu falei, o ministro da Defesa que despachava sobre esse assunto", disse a testemunha.
Ele, depois, afirmou que ouviu dizer que o ex-presidente pressionou pelo adiamento do relatório que confirmava a lisura das urnas. "Certamente outras testemunhas poderão dar isso com mais precisão", resumiu.
Da redação do Conexão Correio com Diário do Nordeste
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