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A ordem de prisão domiciliar expedida contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na última segunda-feira (4), provocou um rebuliço no cenário político nacional. Já no Ceará, a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), teve baixa mobilização dos parlamentares, sejam aliados ou opositores do ex-presidente. Os poucos senadores, deputados e vereadores de Fortaleza que se manifestaram em redes sociais foram aqueles mais fiéis ao bolsonarismo ou ao petismo.
Considerando as bancadas estadual e federal — composta por senadores e deputados —, 15 parlamentares comentaram a prisão de Bolsonaro, enquanto outros 56 mantiveram silêncio, inclusive correligionários do ex-presidente. Proporcionalmente, na Câmara Municipal de Fortaleza, o engajamento foi maior se comparado às outras Casas, contudo, apenas um em cada quatro reagiu à medida contra Bolsonaro.
Para o levantamento, realizado no início da tarde de terça-feira (5), o PontoPoder considerou as manifestações no X (antigo Twitter) e no Instagram dos 71 congressistas, além dos 43 vereadores de Fortaleza.
Ao expedir a ordem de prisão domiciliar contra Bolsonaro, Moraes argumentou que o ex-presidente "burlou" medidas cautelares impostas e teve "participação dissimulada" nas manifestações de apoiadores no País. O ministro enfatizou que o ex-presidente descumpriu a proibição de utilizar as redes sociais, seja diretamente ou por intermédio de terceiros. Um dos indícios apontados pelo magistrado é de que o político apareceu via chamada de vídeo com o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) em um ato que reuniu apoiadores no Rio de Janeiro no último domingo (3).
REAÇÃO NO CEARÁ
Entre os três senadores do Ceará, o único a falar sobre a ordem de Moraes foi Eduardo Girão (Novo). Crítico contumaz da atuação do Supremo Tribunal Federal (STF), o político aproveitou o episódio e fez publicações acusando o ministro que decretou a prisão de perseguição e vingança.
Ele também falou sobre desrespeito aos direitos humanos, defendeu a anistia dos condenados e acusados de atentar contra o Estado Democrático de Direito (como Bolsonaro) e disse que o País vive uma ditadura. O político também esteve na mobilização que ocupou a Mesa Diretora do Senado Federal e obstruiu a retomada dos trabalhos na Casa na tarde de terça-feira.
Já os senadores Cid Gomes (PSB) e Augusta Brito (PT) não fizeram qualquer menção a Bolsonaro nas últimas horas.
O QUE DIZEM OS ALIADOS E OPOSITORES?
Na Câmara dos Deputados, proporcionalmente, a adesão foi ainda mais baixa. Dos 22 parlamentares em exercício, apenas cinco repercutiram a prisão de Bolsonaro. Entre os apoiadores do ex-presidente, André Fernandes (PL) foi o mais engajado. Em uma sequência de publicações no X, ele defendeu a prisão de Alexandre de Moraes e acusou o ministro de julgar com o intuito de vingança política.
Correligionário de André e Bolsonaro, Dr. Jaziel (PL) também apontou perseguição política e ameaça à democracia na decisão do magistrado. A deputada Dayany Bittencourt (União) completa a lista dos que saíram em defesa do ex-presidente adotando o mesmo discurso dos parlamentares do PL.
Do outro lado das trincheiras, quem apareceu para exaltar a decisão de Moraes foram os deputados petistas José Guimarães e Luizianne Lins. O parlamentar, que lidera o Governo Lula (PT) na Câmara dos Deputados, se recupera de uma cirurgia, mas publicou uma nota sobre a prisão do adversário político. Ele exaltou que “ninguém está acima da lei” e ressaltou que todo o processo legal está sendo seguido pelo STF, respeitando a Constituição. O mesmo tom foi usado pela deputada. "Atuar contra a democracia brasileira é um crime gravíssimo e Jair Bolsonaro está pagando por isso", escreveu.
Já nomes oposicionistas e até correligionários de Bolsonaro, como Matheus Noronha (PL), nada comentaram sobre a prisão do ex-presidente.
Veja quem não se manifestou nas redes sociais entre federais:
AJ Albuquerque (PP)
André Figueiredo (PDT)
Célio Studart (PSD)
Danilo Forte (União)
Domingos Neto (PSD)
Enfermeira Ana Paula (Podemos)
Fernanda Pessoa (União)
José Airton Félix Cirilo (PT)
Júnior Mano (PSB)
Leônidas Cristino (PDT)
Luiz Gastão (PSD)
Matheus Noronha (PL)
Mauro Benevides Filho (PDT)
Moses Rodrigues (União)
Nelinho Freitas (MDB)
Robério Monteiro (PDT)
Yury do Paredão (MDB)
Entre os integrantes da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), quatro bolsonaristas e quatro parlamentares de esquerda fizeram publicações nas redes sociais. Correligionários do ex-presidente, Alcides Fernandes e Carmelo Neto — que pediu para ser reconhecido oficialmente como Carmelo Bolsonaro — acusaram Moraes de tomar decisões com base em “vingança política” e “perseguição”, queixas semelhantes às feitas pelos parlamentares federais. Pedro Matos (Avante) e Sargento Reginauro (União) também criticaram a ordem de prisão domiciliar.
Em caminho contrário, petistas “comemoraram” a decisão de Moraes. O líder do Governo Elmano de Freitas (PT) na Alece, Guilherme Sampaio, e Missias Dias defenderam que o ex-presidente seja condenado, sem margem para anistia. Larissa Gaspar (PT) também aproveitou o episódio para relembrar uma antiga frase de Bolsonaro, mencionando que a segunda-feira foi um “grande dia” e que o Complexo Penitenciário da Papuda, localizado em Brasília, aguarda o político. Renato Roseno (Psol) também reproduziu o discurso contra Bolsonaro.
Veja quem não se manifestou nas redes sociais entre estaduais:
Agenor Neto (MDB)
Almir Bié (PP)
Antônio Granja (PSB)
Antônio Henrique (PDT)
Ap Luiz Henrique (Republicanos)
Bruno Pedrosa (PT)
Cláudio Pinho (PDT)
Danniel Oliveira (MDB)
Davi de Raimundão (MDB)
De Assis Diniz (PT)
Felipe Mota (União)
Fernando Hugo (PSD)
Firmo Camurça (União)
Gordim Araújo (PSBD)
Guilherme Bismarck (PSB)
Guilherme Landim (PSB)
Heitor Férrer (União)
Jeová Mota (PSB)
Jô Farias (PT)
João Jaime (PP)
Juliana Lucena (PT)
Júlio César Filho (PT)
Keivia Dias (PSD)
Leonardo Pinheiro (PP)
Luana Régia (Cidadania)
Lucílvio Girão (PSD)
Lucinildo Frota (PDT)
Manoel Duca (Republicanos)
Marcos Sobreira (PSB)
Marta Gonçalves (PSB)
Pedro Lobo (PT)
Queiroz Filho (PDT)
Romeu Aldigueri (PSB)
Salmito (PSB)
Sérgio Aguiar (PSB)
Stuart Castro (Avante)
Tin Gomes (PSB)
No Legislativo de Fortaleza, a mobilização foi maior que na Alece e no Congresso, contudo, apenas 25% dos vereadores fizeram algum tipo de manifestação nas redes sociais.
A maior mobilização ocorreu na bancada do PL, onde Bella Carmelo (PL), Inspetor Alberto (PL), Marcelo Mendes (PL) e Julierme Sena (União) saíram em defesa do correligionário. Quem também reforçou as críticas a Moraes foi PP Cell (PDT). Em discurso alinhado, os políticos disseram que está em curso uma tentativa de matar o ex-presidente, queixaram-se da prisão do presidente sem uma condenação e acusaram o ministro do STF de autoritarismo, perseguição e censura.
Igualmente alinhado, mas em sentido contrário, estava o discurso de petistas e psolistas da Casa. Aglaylson (PT), Mari Lacerda (PT), Adriana Almeida (PT), Adriana Gêrônimo (Psol) e Gabriel Aguiar (Psol) defenderam que as medidas contra Bolsonaro são ferramentas de defesa da democracia. Os parlamentares de esquerda se manifestaram contra a anistia aos acusados e condenados pela tentativa de golpe de 8 de Janeiro de 2023 e exaltaram que a última segunda-feira foi um “grande dia”.
Veja quem não se manifestou nas redes sociais entre os vereadores:
Adail Júnior (PDT)
Benigno Junior (Republicanos)
Bruno Mesquita (PSD)
Carla Ibiapina (DC)
Chiquinho dos Carneiros (PRD)
Claudio Lima (Avante)
Dr. Luciano Girão (PDT)
Dr. Vicente (PT)
Estrela Barros (PSD)
Gardel Rolim (PDT)
Igor Nogueira (Mobiliza)
Irmão Léo (PP)
Jânio Henrique (PDT)
Jorge Pinheiro (PSDB)
Juninho Aquino (Avante)
Leo Couto (PSB)
Luiz Paupina (Agir)
Luiz Sérgio (PSB)
Marcel Colares (PDT)
Marcelo Tchela (Avante)
Marcos Paulo (PP)
Michel Lins (PRD)
Paulo Martins (PDT)
Professor Aguiar Toba (PRD)
Professor Enilson (Cidadania)
Raimundo Filho (PDT)
René Pessoa (União)
Ronaldo Martins (Republicanos)
Tam Oliveira (União)
Tia Francisca (PSD)
Tony Brito (PSD)
Wellington Sabóia (Podemos)
Apesar da baixa mobilização entre os cearenses, o discurso tanto dos bolsonaristas quanto de integrantes da esquerda ressoou o que foi propagado nas redes sociais. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Quaest monitorou as menções acerca do decreto de prisão domiciliar contra Jair Bolsonaro. Os dados foram captados no dia 4 de agosto, logo após a decisão de Moraes ser cumprida.
O levantamento reuniu dados do X, Instagram, Facebook, Reddit, Youtube e sites de notícias até as 21 horas, totalizando 1,2 milhão de menções. De acordo com os pesquisadores, a repercussão foi marcada por forte polarização, com discursos de comemoração por parte de críticos do ex-presidente, ao mesmo tempo em que apoiadores reagiram com indignação, levantando acusações de abuso de poder e perseguição política, panorama semelhante ao registrado no Ceará.
A análise de sentimento da pesquisa ainda revelou o equilíbrio e polarização da disputa: 53% das menções foram favoráveis à prisão, enquanto 47% se posicionaram contra.
Conforme os dados da Quaest, a reação de internautas alinhados à esquerda foi mais descentralizada, sem uma liderança ou narrativa digital clara. Os internautas levantaram tags genéricas, como “Grande dia” e “Bolsonaro preso”, em comemoração ao anúncio, termos que também foram recorrentes entre parlamentares petistas e psolistas do Ceará.
Do lado contrário, a frente bolsonarista se mobilizou logo após, e levantou a narrativa de perseguição e abuso, além de apontar que Moraes estaria tentando desviar a atenção das recentes notícias sobre a investigação “Vaza Toga”, que afeta diretamente o ministro.
Da redação do Conexão Correio com diário do Nordeste
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