Djairlon Moura confirma que recebeu ordem do Ministério para fiscalizar ônibus do NE - Conexão Correio

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Djairlon Moura confirma que recebeu ordem do Ministério para fiscalizar ônibus do NE

Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil O ex-diretor de operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Djairlon Henrique Moura, declarou nest...

Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil

O ex-diretor de operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Djairlon Henrique Moura, declarou nesta terça-feira (27), em depoimento à Justiça, que a corporação recebeu, durante as eleições de 2022, ordens do Ministério da Justiça para realizar blitzes em ônibus que tinham como destino a região Nordeste. As informações são da GloboNews.

O ex-PRF explicou, no entanto, que o objetivo da ação seria verificar possíveis irregularidades no transporte de eleitores e dinheiro vindo de regiões como São Paulo e Centro-Oeste. De acordo com ele, a intenção não era impedir que eleitores votassem, como aponta a denúncia.

Moura se apresentou como uma das testemunhas de defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Os depoimentos das testemunhas começaram a ser colhidos nesta terça-feira (27) pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Os relatos integram a ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe envolvendo a alta cúpula do governo do então presidente Jair Bolsonaro.

De acordo com informações do g1, um servidor da PRF afirmou que Djairlon foi o responsável por determinar que a área de inteligência da corporação atuasse para intensificar as abordagens a ônibus e vans durante o pleito. Segundo esse servidor, a liderança da PRF orientava que a corporação deveria "tomar um lado", seguindo instruções repassadas pelo então diretor-geral.

Em seu depoimento, Djairlon afirmou que a solicitação para a operação partiu da Secretaria de Operações Integradas, durante uma reunião no Ministério da Justiça.

“Foi solicitada a realização de uma operação antes da eleição dos ônibus que saíssem de SP e da região Centro-Oeste com destino ao Nordeste com votantes e recursos financeiros que já estavam em investigação pela PF”. E acrescentou: “Em mais de 60% dos veículos, não demorou mais de 15 minutos”.

Ainda segundo o ex-diretor, não houve qualquer direcionamento com cunho político para a fiscalização dos ônibus.

Ele relatou também que o então ministro Anderson Torres teria pedido que tanto a Polícia Federal quanto a PRF se "empenharem o máximo possível" para garantir o policiamento no período eleitoral e coibir crimes como o transporte ilegal de eleitores e de dinheiro.

BLITZ NA REGIÃO NORDESTE

A PRF realizou cerca de 500 operações rodoviárias no dia do segundo turno das eleições de 2022, com foco notável na região Nordeste — onde o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva havia tido uma votação expressiva no primeiro turno. Relatos e denúncias de eleitores e autoridades apontaram para uma fiscalização excessiva de ônibus que transportavam eleitores.

Na véspera da votação, em 29 de outubro, o ministro Alexandre de Moraes, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou que a PRF se abstivesse de realizar qualquer operação que impactasse o transporte público de eleitores. A decisão buscava assegurar a livre circulação dos cidadãos até as urnas. No entanto, as ações da PRF ocorreram mesmo após essa proibição oficial.

Relatórios internos indicaram que mais de 2.185 ônibus foram fiscalizados apenas no Nordeste, um número significativamente maior do que o registrado em outras regiões do país. Diante disso, a Polícia Federal (PF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) abriram investigações que resultaram no indiciamento de ex-diretores da PRF, incluindo o então diretor-geral Silvinei Vasques e o ex-diretor de operações Djairlon Henrique Moura. Eles são acusados de crimes como prevaricação, desobediência e restrição ao exercício do voto. As apurações apontam que as ações da PRF teriam como objetivo dificultar o deslocamento de eleitores, favorecendo um dos candidatos.

Da redação do Conexão Correio com Diário do Nordeste

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