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Promotor aposentado é condenado por beneficiar detento em troca de um iPhone e R$ 3 mil

Foto: Reprodução/TV Globo O promotor de Justiça aposentado Marcellus Ugiette foi condenado por improbidade administrativa. A ação civil foi ...

Foto: Reprodução/TV Globo

O promotor de Justiça aposentado Marcellus Ugiette foi condenado por improbidade administrativa. A ação civil foi ajuizada pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), por meio da 44ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital.

Segundo a sentença, o réu, quando era promotor de Justiça, recebeu vantagens patrimoniais indevidas para beneficiar um detento. Ele teria recebido R$ 3 mil e um iPhone 7 para que o detento Gilson Fonseca dos Santos ficasse no Presídio de Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste do estado, e não fosse transferido para o Recife.

A decisão saiu na quinta-feira (25). Pelo mesmo caso, Marcellus Ugiette já havia sido condenado a 10 anos e nove meses de prisão na Vara dos Crimes contra a Administração Pública e Ordem Tributária da Capital.

A sentença na esfera criminal foi assinada pela juíza Roberta Vasconcelos Franco Rafael Nogueira em março deste ano (relembre o caso mais abaixo). O réu recorreu da decisão e responde ao processo em liberdade.

Desta vez, a condenação na esfera civil traz para o réu sanções administrativas, como o pagamento de R$ 3 mil mais o valor de um iPhone 7 correspondente ao preço de mercado na época dos fatos.

Além disso, ele deve pagar multa, ter os direitos políticos suspeitos por oito anos e ficar proibido de receber do poder público benefícios, incentivos fiscais ou creditícios durante cinco anos.

Outros dois réus do processo, o detento Gilson Fonseca dos Santos e sua esposa, Genilza Gonçalves Carneiro, também foram condenados. Eles receberam sanções administrativas semelhantes às de Marcellus Ugiette, como pagamento de multa e suspensão de direitos políticos.

O que diz a defesa

A defesa do promotor aposentado Marcellus Ugiette se pronunciou sobre o caso, dizendo que a condenação foi inesperada e que irá recorrer da decisão. Em nota, afirmou que:

"recebeu com surpresa a sentença recentemente proferida no processo em curso";

"a decisão foi precipitada, pois havia pedido expresso da defesa para a realização da fase de instrução processual, com a oitiva de testemunhas, oportunidade em que certamente todos os fatos restariam esclarecidos";

"confiamos que o Poder Judiciário de Pernambuco, ao apreciar o recurso de apelação que será interposto dentro do prazo legal, reconhecerá essa falha processual e determinará o retorno dos autos para novo julgamento".

No relatório da sentença, a defesa de Ugiette afirma que o iPhone 7 foi um presente e que o valor recebido era um empréstimo "devidamente quitado, sem qualquer nexo com a função pública".

Relembre o caso

Marcellus Ugiette foi afastado do cargo no dia 3 de agosto de 2018, depois que uma operação da Polícia Civil apontou indícios de que ele beneficiava detentos em transferências de unidades prisionais do estado;

Segundo o Grupo de Apoio Especializado de Enfrentamento às Organizações Criminosas (Gaeco), o promotor atendia a pedidos dos advogados dos presos e conseguia que os detentos ficassem juntos em um dos presídios do Complexo Prisional do Curado, na Zona Oeste do Recife;

Em setembro de 2018, o MPPE ofereceu a denúncia contra o promotor. Além dele, foram denunciados criminalmente os 20 integrantes da organização criminosa investigada pela Polícia Civil na Operação Ponto Cego;

Em 2019, Marcellus Ugiette ganhou o direito de se aposentar com salário integral;

Em 2025, ele foi condenado a 10 anos e nove meses de prisão em regime fechado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Da redação do Conexão Correio com g1/PE

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