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Caso Júnior Mano! PSB vive crise no CE com suspeitas de lideranças ligadas a esquemas duvidosos

Foto: Reprodução/Instagram Bebeto Queiroz Após conquistar o maior número de prefeituras no Ceará nas eleições de 2024, o PSB mergulhou em um...

Foto: Reprodução/Instagram Bebeto Queiroz

Após conquistar o maior número de prefeituras no Ceará nas eleições de 2024, o PSB mergulhou em uma crise sem precedentes na história da sigla no Estado. Lideranças municipais e estaduais passaram a ser investigadas por envolvimento em esquemas que vão de fraudes em emendas parlamentares a alianças com facções criminosas, passando por compra de votos e ameaças a eleitores.

O desgaste atinge figuras estratégicas do partido e ameaça o projeto do grupo liderado pelo senador Cid Gomes (PSB) para 2026. Um desses planos inclui lançar o deputado federal Júnior Mano (PSB) ao Senado, contudo, o parlamentar é peça central em uma investigação da Polícia Federal (PF) sobre desvio de recursos públicos. 

Enquanto as apurações avançam e denúncias contra integrantes da sigla aumentam, a cúpula do PSB Ceará adota o silêncio e evita tomar decisões sobre o futuro de seus filiados acusados de integrar esquemas criminosos.

Caso Júnior Mano e Bebeto Queiroz

Uma das frentes da crise no PSB ganhou novo impulso na última terça-feira (8), quando Junior Mano foi alvo da Operação Underhand, da PF. Os agentes federais apuram sobre supostas fraudes no uso de emendas parlamentares e na realização de processos licitatórios. 

Segundo os investigadores, “a atuação do parlamentar extrapola a esfera meramente política, configurando-se como operador ativo da engrenagem criminosa”. Essas denúncias envolvem ainda o prefeito eleito e foragido de Choró, Bebeto Queiroz, outro quadro do PSB. 

A PF aponta que Junior Mano teria “papel central” na destinação de emendas a serem desviadas, enquanto Bebeto comandaria a rede criminosa que operava por meio de ameaças a adversários e ofertas de "vantagens materiais e financeiras a eleitores em troca de votos". 

Bebeto Queiroz está foragido desde dezembro do ano passado, após ser alvo de uma operação da Polícia Federal. Em abril, o prefeito eleito e seu vice, Bruno Jucá (PRD), tiveram os mandatos cassados pela Justiça Eleitoral.

Todos os políticos envolvidos no caso negam as acusações. No pronunciamento mais recente sobre o assunto, Junior Mano disse que não tem participação em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos em prefeituras. Ele reforçou o compromisso com a legalidade, a transparência e o exercício probo da função pública, destacando que tem convicção sobre o “reconhecimento de sua correção de conduta".

Ainda em dezembro, Bebeto Queiroz se posicionou nas redes sociais dizendo ser inocente com relação aos fatos investigados. 

Caso Braguinha, em Santa Quitéria

Outro caso envolvendo integrante do PSB no Ceará é o do prefeito cassado de Santa Quitéria, José Braga Barrozo (PSB), o Braguinha. Preso em janeiro deste ano — mas já liberado —, ele é acusado de manter vínculos com o Comando Vermelho (CV).

Conforme as investigações, integrantes da facção teriam feito ameaças de quebrar veículos, atacar residências, agredir e expulsar eleitores do candidato de oposição Tomás Figueiredo (MDB), favorecendo Braguinha no pleito eleitoral de 2024. O político teve o mandato cassado em primeira instância e a decisão foi confirmada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) no último dia 1º de julho.

Após a decisão, a defesa do político anunciou que irá recorrer da decisão "confiante na inexistência de abuso de poder por parte de José Braga Barroso e Francisco Gardel". 

Caso Moésio Loiola, em Campos Sales

No Cariri, o prefeito Moésio Loiola e seu vice, Solano Feitosa, ambos do PSB, foram indiciados por crimes eleitorais, associação criminosa e falsidade ideológica. A operação da PF flagrou a atuação de milícias eleitorais em distritos rurais, com a presença de policiais armados, compra de votos e distribuição de cestas básicas, exames médicos e até abastecimento d’água em troca de apoio nas urnas.

De acordo com as investigações, a base do esquema era a captação ilícita de votos, seja por meio da compra ou da intimidação dos eleitores. Inicialmente, o grupo se deslocava em comboios de veículos, inclusive com a presença de policiais militares e civis armados que atuavam na segurança privada. Nas visitas aos eleitores, principalmente na zona rural, os homens ofereciam dinheiro, cesta básica, quitação de contas, serviços médicos e até abastecimento de água em troca de votos. 

Após o indiciamento, Moésio Loiola disse que sempre pautou a conduta e atuação em “princípios republicanos”, ressaltando que sempre se submeteu “à justiça e às decisões judiciais”.

“Nem eu e muito menos ele tivemos qualquer participação, envolvimento ou colaboração com qualquer ilícito eleitoral”, disse o político, informando que é vítima de “informações distorcidas e mentirosas”. O político ressaltou ainda que “não têm por ofício o crime”, “não têm histórico de ações criminosas, muito menos violentas”,

O silêncio do PSB

No caso de Bebeto e Braguinha, o PSB montou, ainda no início do ano, uma Comissão de Ética provisória para analisar o caso. A ideia era de que o parecer fosse emitido até maio. Conforme apurou o Diário do Nordeste, o colegiado não conseguiu avançar nas investigações, já que os processos tramitam em segredo de Justiça. A Comissão apontou ainda que tais processos estão em curso na Justiça, portanto, seria uma “antecipação” punir ou absolver os investigados.

Diante das alegações, no último dia 30 de junho, após reunião da Executiva da sigla no Ceará, a responsabilidade de julgar internamente os casos foi repassada para a nova Comissão de Ética do PSB, montada no fim de abril após a definição dos novos membros do diretório estadual. 

Além da análise inconclusiva pela Comissão de Ética, lideranças do PSB têm evitado tratar sobre o assunto publicamente. O presidente da sigla no Ceará, o ex-deputado Eudoro Santana, e o senador Cid Gomes (PSB) não se pronunciaram sobre as decisões recentes contra Braguinha e Bebeto. Eles também não comentaram sobre a última operação contra Junior Mano. Os dirigentes foram procurados diretamente e também por meio da assessoria de imprensa, mas não houve retorno.

Na última quarta-feira (9), o presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, o vereador Léo Couto (PSB), disse que foi surpreendido com as denúncias envolvendo o deputado Junior Mano e que tem acompanhado pela imprensa. Ele defendeu cautela ao tratar sobre as investigações. “Vou esperar a Justiça desenrolar para tecer algum comentário”, disse.

A liderança do PSB na Câmara dos Deputados, Pedro Campos (PSB-PE) se manifestou sobre o caso do deputado federal. "Esperamos que todos os fatos sejam investigados e esclarecidos o mais breve possível, respeitando o devido processo legal e a ampla defesa do deputado Júnior Mano".

O PontoPoder procurou outros integrantes do PSB no Ceará para comentar a crise no partido, como o presidente da Assembleia Legislativa, Romeu Aldigueri. Não houve resposta.

Da redação do Conexão Correio com Diário do Nordeste 

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